sábado, 4 de maio de 2013





A propósito de Arte
(Subjacente às minhas aulas no âmbito das Artes Visuais).

Pode dizer-se que a visão de cada um é tanto mais rica quanto maior for o respectivo conhecimento do mundo, a sua memória. Esta teoria ou capacidade de percepcionar, comparar e identificar qualidades é chamada, pelos psicólogos, *Gestalt,  “diferenciação perceptual”.

A essência da percepção é selectiva; assim, à medida que o tempo passa, aprendemos a reduzir a complexidade do mundo visual. 

A tendência para generalizar leva-nos a fabricar estereótipos  perceptuais; isto é, o conceito visual de cada um tende a interferir com a percepção, (qualitativa e analítica), do que está a observar. Esta “constância visual”  substitui aquilo que observamos pelo que sabemos. 

A “constância visual” revela-se extremamente útil porque permite-nos identificar facilmente tudo aquilo que nos rodeia. No entanto, no campo das Artes, estas “constâncias visuais” têm que ser controladas e orientadas porque interferem com a nossa percepção estética. É como se disséssemos  que temos tendência para reduzir a complexidade do mundo visual a símbolos visuais ou discursivos. 

Também as formas, de Arte Visual, que percepcionámos ao longo da vida vão influenciar a concepção individual tornando-se o seu quadro de referência. 


Assim, por exemplo, quem nunca observou Arte abstracta, de um modo geral, ser-lhe-á muito difícil apreciar Arte não objectiva. Que explora ou existe apenas no domínio das ideias. 

Psicologicamente reagimos de maneira diferente perante a mesma situação. Não só porque fisiologicamente somos diferentes mas também porque ao longo do tempo fomos acumulando informações muito diferentes.     

O enquadramento estético revela-se, fundamental e necessário, como referência.  Para que cada um possa ver o mundo em relação à sua forma estrutural, ao seu conteúdo expressivo, às suas qualidades e às relações visuais que se estabelecem. 

Enquanto professora procurei despertar esta consciência nos meus alunos, alguns dos quais passei a admirar.

Isabel Lhansol Massapina



*Gestalt - palavra aplicada pelos psicólogos, desde o início do século xx a um conjunto de princípios científicos nos quais se admite estarem assentes as bases do conhecimento actual sobre percepção visual. 
A bibliografia sobre as teorias de Gestalt é vasta, contando entre os seus principais teóricos, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka; sobre a aplicação das teorias gestaltistas à Arte a obra fundamental é de Rudolf Arnheim "Art an Visual Perception" (1954).



3 comentários:

  1. Viva, Isabel!
    Com muita admiração e muito apreço, saúdo este espaço de Arte e Intervenção.
    Pecará por tardio, arrisco dizer; mas chegou e isso é que importa. E, agora, é ir em frente. Como dizia o grande Poeta espanhol António Machado, «o caminho faz-se caminhando...»
    Saudações cordiais
    do José-Augusto de Carvalho

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  2. Olá Isabelinha! Continua, gosto deste blog. Vou estar atenta!
    Abraço
    lisa
    Vou aparecer aqui com outro nome porque já tive um blog a meias com a Leonor e Guida.

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